12 de jul. de 2012

Universo paralelo

Me pergunte sobre alguém da família - sim, alguém que more no mesmo quintal que eu -, e não estranhe se eu não souber responder. Me peça para dar um recado a alguém que vou encontrar, e não desacredite se ao voltar eu disser que esqueci... Percepção e memória, meus maiores dons e ao mesmo tempo minhas maiores falhas. Sou capaz de passar pela garagem e não saber dizer para minha avó se o carro está lá ou não, mas eu posso bem ter percebido que ela esqueceu um prendedor de roupas no varal. Posso não lembrar das horas que acabei de ver no celular, mas me lembro daquele dia de aula na pré-escola em que quase deixei a bolsa com a minha vó do lado de fora. Ontem minha mãe me fez uma pergunta sobre alguém da família e eu não soube responder. Ela disse: "Parece que não mora aqui". E eu respondi: "Mas não mesmo, eu vivo em um Universo Paralelo". Eu ignoro o que parece importante aos olhos da maioria, e capto o que não diz respeito a mais ninguém - às vezes nem a mim. Eu percebo a essência - ou a falta de essência - uma uma música qualquer, mas não sei do que acabou de ser dito na TV que está as minhas costas. Sim, eu vivo em um Universo Paralelo e raramente convido alguém para entrar, pois não costumo servir de guia e não quero ninguém perdido no que é meu. Mas se eu te convidar e você não conseguir entrar, não se culpe, eu não vou te culpar também, não posso esperar que alguém entre em um lugar de onde eu não sou capaz de sair. Sim, eu vivo em um Universo Paralelo, um lugar que não costuma estar aberto para visitações...